Fenômeno "Pink Tax" levanta discussão sobre maior tributação para produtos e serviços femininos

A diferença de valores impacta diretamente o orçamento familiar e pode restringir o acesso a produtos essenciais, como itens básicos de higiene e saúde.

Sabrina Lawder (1)Sabrina Lawder, analista em tributos e mobilidade global da Grant Thornton Brasil. (Foto: Divulgação)

Reconhecido globalmente, o "Pink Tax", ou "Taxa Rosa", refere-se ao aumento dos preços de produtos e serviços voltados para mulheres, em comparação com os equivalentes para homens. Para a Grant Thornton, uma das maiores empresas de consultoria, auditoria e tributos do mundo, o tema tem grande relevância e deve ser pautado na Reforma Tributária.

Na prática, artigos como roupas e acessórios femininos, remédios anticoncepcionais e itens de higiene pessoal têm a carga tributária até 30% maior, de acordo com o relatório da Secretaria de Política Econômica. Por isso, a analista em tributos e mobilidade global da Grant Thornton Brasil, Sabrina Lawder, alerta para o impacto do fenômeno nos orçamentos familiares.

"O efeito do Pink Tax pode impedir que as mulheres tenham acesso a produtos básicos e serviços específicos. Por isso, a Reforma Tributária precisa atender a produção e o empresariado brasileiro, com foco no crescimento necessário, mas acima de tudo deve favorecer a população e garantir a inclusão", afirma a executiva.

Esse fenômeno não é exclusivo no Brasil. Em 2015, a questão recebeu muita atenção quando o Departamento de Defesa do Consumidor de Nova Iorque encontrou muitos casos de preços baseados no gênero, ao examinar 794 produtos vendidos na cidade para consumidores de todas as idades. Vários estados aprovaram leis contra preços discriminatórios de produtos e serviços com base no gênero, houve também várias tentativas de aprovar tal lei em nível federal.

Mulheres ganham menos e ocupam menos cargos de liderança

Essa postura do mercado reflete toda uma infraestrutura que apresenta diversos fatores que contribuem para que as mulheres enfrentem mais desafios. Além de tributos mais altos, existe ainda o agravante da diferença salarial. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, as mulheres receberam salários menores que os homens em 82% das principais áreas de atuação no Brasil. Dessa participação de mercado, apenas 33% das lideranças das empresas é feminina, aponta o estudo da Grant Thornton, Women in Business 2024.

"A liderança da mulher a partir do topo é fundamental para impulsionar cada vez mais mudanças no mercado. Quanto maior a presença nesses cargos, maior é o número de profissionais femininas nas empresas e, assim, tornar as discussões sobre igualdade ainda mais presente nas organizações", completa Sabrina.